RABINO NILTON BONDER

 

"Segundas intenções"
Ed. Rocco

Mais de uma década depois de lançar A alma imoral, o rabino Nilton Bonder apresenta um contraponto ao bestseller que foi transformado em peça de teatro: Segundas intenções, livro no qual ele dá voz ao corpo para que este se defenda dos excessos cometidos pela alma. A obra nasceu do desejo de se aproximar do comportamento humano e reconhecer nele uma natureza ambígua, que mescla verdades e mentiras para formar a essência de cada um.

De acordo com o rabino, enquanto a alma anseia por ser livre, o compromisso do corpo é com a verdade. Cabe a ele criticar a alma para que esta consiga administrar bem o equilíbrio. Ao longo de cinco capítulos, Bonder fala de impulsos, motivação, honestidade e consciência, discutindo conceitos como compromisso e livre-arbítrio. Para o autor, a moral ou a malícia podem se manifestar tanto no vício quanto na virtude.

Segundo Bonder, a intenção é produzida no presente e interfere na qualidade de ações e reações. E nela, o ser humano se revela e ganha identidade. Desta forma, conforme nos tornamos mais responsáveis por nossos atos, aumenta nossa capacidade de nos culpar ou desculpar, bem como de perceber os motivos que nos levam a fazer algo. Quando avaliamos negativamente nossas atitudes, nos sentimos culpados. Caso o balanço seja positivo, o sentimento é de realização.

Nossas segundas intenções, então, revelam o impulso dentro do impulso, o que quereríamos por trás do desejo. Bonder alerta que é preciso tomar cuidado com essas segundas intenções: sua função é administrar o desejo e a vergonha em um único momento, mas não passam de imagens e representações. É preciso tentar fazer com que voltem à condição de primeiras intenções, permitindo que a consciência recupere seu potencial criativo. Para o rabino, a verdadeira essência da vida está no uso e não na posse.

“Há purezas que são devassas e há depravações que são santas. Há naturalidades que são falsas e há invenções que são originais. Tudo dependerá de onde estiver a intenção, no seu lugar de primeira ou de segunda”, diz o autor, que convida os leitores a se reconhecerem em suas segundas intenções. Ao aproximarmos o corpo e a alma, somos capazes de eliminar os efeitos colaterais da inveja e do assédio, descobrindo as dimensões do amor, da tolerância, do educar e da esperança. Será decretado, então, o fim da vergonha.

 
 

"Tirando os sapatos"
Ed. Rocco

Abrir a mente para novas falas, a alma para abrigar o “outro”, libertar-se de convenções e de formatos preestabelecidos, enfim, tirar os sapatos, que protegem o homem, mas também isolam e evitam o contato com um chão de muitas verdades e possibilidades. Foi traçando a rota seguida por Abraão, patriarca das três religiões monoteístas – cristianismo, judaísmo e islamismo – que o rabino Nilton Bonder, com os pés no chão, aprendeu que mais importante que o destino da viagem é o caminho percorrido. Em 2006, Bonder foi convidado a participar, ao lado de 23 representantes de diferentes países e religiões, de uma peregrinação pelo Oriente Médio: é O Caminho de Abraão, projeto do Departamento de Mediação de Conflitos da Universidade de Harvard, que visa a apoiar a abertura de uma extensa rota de turismo histórico e cultural para refazer a jornada deste importante personagem pela região - que vive em tensão permanente - há cerca de quatro mil anos. Em Tirando os sapatos, o rabino relata suas experiências durante a caminhada.

O relato é apresentado de duas formas distintas: uma é um diário de viagem, no qual Bonder descreve suas impressões dos locais por que passou e da convivência com o eclético grupo – formado por pessoas de diversas crenças e religiões – com que conviveu, extraído de uma longa entrevista à jornalista Tania Menai. A outra representa a sua viagem espiritual, que mostra suas etapas de estranhamento ao se defrontar, durante a peregrinação, com diferentes significados que a trajetória de Abraão tem para as três religiões.

Mais que um destino turístico, O Caminho de Abraão tem o potencial de promover o desenvolvimento comunitário, a formação de lideranças jovens, a preservação do patrimônio histórico e do meio ambiente e uma imagem positiva da região na mídia, destacando a hospitalidade de seu povo e, mais importante, o encontro entre pessoas e o diálogo entre religiões diversas. Diálogo que começou no próprio grupo de Bonder. Apesar de a maioria dos participantes ter uma visão neutra da região, havia quem tivesse definida inclinação pelo mundo árabe: um xeque turco, um padre italiano radicado na Síria e um paquistanês islâmico. Este último nutria opiniões muito radicais sobre Israel e mostrou-se bastante incomodado quando soube que Bonder é judeu.

Foi uma viagem de alguma tensão para Bonder, que teve que omitir quase o tempo todo sua condição de rabino para poder circular pela região. A solução para aliviar esta pressão foi não reagir àquilo que o rejeita, abrir-se para o ponto de vista do outro, muitas vezes indo de encontro ao que pensava, incluindo as do paquistanês, de quem, por fim, conseguiu virar colega, após longa troca de idéias.

Também foi por meio desta convivência que Bonder ouviu teorias interessantes como a de que os conflitos religiosos no Oriente Médio teriam uma explicação geológica, segundo uma profissional de Harvard: a área é uma área turbulenta, incluindo o Mar Morto, a região mais baixa do planeta. Ali ocorrem muitas movimentações tectônicas devido à presença de um cinturão sísmico. Curiosamente, todas as regiões do mundo com movimentos tectônicos são áreas de alta espiritualidade: a Califórnia, os Andes, o México, o Himalaia. Áreas geologicamente instáveis ativam, no ser humano, a necessidade espiritual. A estabilidade traz acomodação.

Diferentemente de um turista comum, o peregrino aprende mais no trajeto: o que importa é estar sempre em movimento, mesmo que não se saiba qual é a chegada, o ponto final da viagem. É durante o caminho que ele aprende a se desfazer da bagagem – que representa, assim como os sapatos, a identidade do indivíduo, uma forma de proteção da pessoa em relação ao desconhecido. O importante aqui é, como fez Bonder, jogar-se na interação com o lugar e, principalmente, com as pessoas. Não ter medo de perder a identidade. É por meio da alteridade, de olhar o mundo pelo olhar do outro, que se pode desfazer de sapatos, bagagens, preconceitos e intolerâncias.

Foi a partir desta visão que Bonder identificou como as religiões vêem a importância e a história de Abraão de formas diferentes e desenvolveu o conceito de “paralelismo histórico”. A História não obedeceria necessariamente a uma cronologia rígida, em que um evento vem antes do outro, estabelecendo um único fluxo que comporta uma única verdade: “A História não é tão consecutiva e cronológica como me haviam ensinado e como eu a percebia. Há um paralelismo na História. Coisas acontecem ao mesmo tempo, ou mais do que isso, enquanto coisas estão acontecendo para um grupo estão também acontecendo para o outro. Não há apenas um acontecimento sobre o qual se possa determinar a autoria e patrimônio.”

Com 1.200 quilômetros, a rota tem início nas ruínas de Haran, na Turquia, local onde, acredita-se, o patriarca ouviu pela primeira vez o chamado de Deus. E se estende por todo o Oriente Médio, incluindo cidades históricas como Alepo, Damasco, Jericó, Nablus, Belém e Jerusalém, e regiões de grande riqueza natural e cultural como as colinas do Líbano, a região de Ajloun da Jordânia e o deserto de Grajev, em Israel. No trajeto, encontram-se alguns dos locais mais sagrados do mundo. O ponto alto é a cidade de Hebron/ Al Khalil, local do túmulo de Abraão. Futuramente, o caminho será estendido para englobar as idas e vindas de Abraão rumo ao Egito, Iraque e, para os muçulmanos, Meca, na Arábia Saudita. O Caminho de Abraão é um projeto em andamento e mais informações podem ser encontradas em www.abrahampath.org.

 
 

"O Sagrado"
Ed. Rocco

Em tempos de busca pelo “segredo”, o rabino Nilton Bonder oferece ao leitor uma percepção sobre aquilo que deve, ou deveria, ser o motivo da procura pelos homens: o sagrado. Autor do best-seller A alma imoral, que virou monólogo de sucesso nos palcos cariocas com a adaptação e atuação premiada de Clarice Niskier, Bonder reflete, em O sagrado, sobre a crença, popularizada pelos livros de auto-ajuda, de que o homem possui a chave para desvendar o mistério da vida e alcançar a plenitude, aqui e agora. Neste lançamento da Rocco, o autor mostra por que o sagrado é antídoto para o consumismo desenfreado e o individualismo que imperam na atualidade.

A idéia de escrever O sagrado surgiu do espanto do autor diante do sucesso de livros que oferecem um segredo capaz de mudar a vida das pessoas. Para Bonder, a busca incessante pela plena satisfação do desejo leva ao que ele chama de ‘religião dos indivíduos’, tão em voga na atualidade. Em nome da auto-realização, o homem se coloca no centro de um universo no qual ele é um sujeito especial, que merece consumir indiscriminadamente e acumular dádivas por suas conquistas.

Para os que crêem na soberania do indivíduo, Bonder adverte: o homem é frágil e vulnerável. O verdadeiro segredo, camuflado pelos livros de auto-ajuda, é ter consciência dessas limitações; é questionar o desejo como fonte absoluta de bem-estar, ao invés de simplesmente tentar preenchê-lo. “Pensar que somos o centro do universo só nos fez intolerantes e ignorantes no passado”, afirma. “Esse é um engano trágico que mais cedo ou mais tarde levará à frustração e à descrença”, completa ele.

Em seu livro, ele mostra que o verdadeiro segredo é o “oculto do oculto”, ou o sagrado, justamente aquilo que a obviedade não permite enxergar e que não pode ser adquirido como um simples produto, disponível numa prateleira de supermercado. Ao contrário, para alcançá-lo, o homem precisa se libertar do que ele chama de ‘tirania do ego’, do culto ao indivíduo, abrindo espaço para o outro – a família, os amigos, a comunidade – em suas vidas.

Distante do racionalismo que quer entender e do esoterismo que quer evocar, o sagrado acolhe a incerteza, fortalecendo as escolhas, abarca o vazio permitindo a sabedoria, resgata a nobreza que há no simples e potencializa a verdadeira riqueza. “Não somos um fim, somos um meio pelo qual se dá um projeto muito além de nossa biografia individual. E essa não é uma má notícia. Ser parte e não a integralidade nos aproxima da realidade e possibilita a experiência do sagrado – de ser especial não como algo isolado, independente, mas inserido na Árvore da Vida”, conclui.

 
 

"Ter Ou Não Ter, Eis A Questão!"
A Sabedoria do Consumo
Ed. Campus

Em Ter ou não ter, eis a questão! Nilton Bonder nos leva a mais uma estimulante viagem para dentro de nós mesmos. O livro trata de forma criativa e profunda do Ter como um dilema de cada um de nós, colocando a questão de forma ampla e rica e argumentando que a famosa frase de Shakespeare Ser ou Não Ser tem tudo a ver também com o ter, especialmente em uma sociedade moderna.
O tema é abordado de forma didática, situando o dilema do título em quatro esferas paralelas: física, emocional, intelectual e espiritual. A partir daí, surgem elos com o bem-estar de cada um, ligados à sobrevivência, à plenitude do sentimento, à paz interior e à continuidade (ou de outra forma, à nossa finitude). A argumentação é interessante e por vezes complexa, mas Bonder sempre consegue trazer o leitor a terra falando de sentimentos como a perda, a traição (e a injustiça), o embotamento, a depressão e, é claro, a posse!

Para um economista como eu, acostumado a pensar no ser humano de forma estilizada e às vezes até simplista, a leitura de um ensaio como este, que busca iluminação na psicologia, na filosofia, na religião e, sobretudo, na experiência de vida do autor, foi enriquecedora e agradável.

Distanciando-se da abordagem tradicional, que trata a busca da posse como uma malignidade espiritual, um obstáculo ao “ser”, Nilton Bonder resgata sua centralidade existencial. Não é possível “ser” sem “ter”, ou melhor, não é possível “ser”, sem estar-se constantemente submetido à questão: “ter ou não ter?”

Este é um livro capaz de romper muros de hipocrisia entre os conceitos de “ser” e “ter”, estabelecendo pontes que esboçam uma possível “Economia do Desejo”. Uma Economia que relaciona itens e desejo, revelando valores capazes de permitir a posse. Posse essa composta de tudo o que, por opção, conseguimos “ter”, em relação a tudo que, também por opção, preferimos “não ter”.
Uma forma de posse que, além de não ser pecado, se faz bagagem indispensável à existência.

Nilton Bonder, como é próprio de seu pensamento e de sua obra, arroja-se na contramão do senso comum da moral e da espiritualidade, e reafirma o imperativo e o imprescindível da posse.

 
 

 

"Código Penal Celeste"
Prepapre sua Defesa Diante do Tribunal Supremo
Ed. Campus

Este livro tem como intenção apresentar elementos de uma possível "ética" do indivíduo para si próprio, das obrigações que o viver implica ao sujeito da vida. Para tal foi concebido como um Código Penal. Sua estrutura e, por vezes, a própria terminologia, intencionalmente simulam uma Constituição e seu respectivo Código de Processo Penal. Tratar-se-ia de uma Constituição Pessoal e das possíveis decorrências de sua transgressão. O intuito maior deste trabalho é apontar para a profunda fusão psíquica entre o que acreditamos ser expectativas divinas, do Criador, e as próprias expectativas de nossa consciência. Seria este em si o postulado principal do texto bíblico, qual seja, de que Criador e criatura se comunicam pela consciência. Mais talvez, Criador e criatura se fundem e se confundem na consciência.

Conteúdo
Os seguintes tópicos são abordados neste livro:
· Crimes contra a nudez
· Crimes contra o patrimônio
· Crime contra os costumes
· Crimes contra a vulnerabilidade
· Crimes contra a propriedade imaterial
· Crimes contra a paz cósmica
· Código penal - das penas
· Disposições gerais
· Da execução penal
· Solidão e nudez
· Desespero e vulnerabilidade

 
 

"Sobre Deus e o Sempre"
Ed. Campus

Este livro é uma investigação interativa sobre dois mistérios fundamentais: o absoluto e o infinito.
Inalcançáveis à razão, só mutuamente estes mistérios se elucidam; apenas a obscuridade de um pode prover esclarecimento ao outro.

Tudo o que tem forma foi moldado pela transitoriedade do tempo: uma criança, uma árvore, uma pedra. Deus, que é destituído de forma, se constitui num Deus que não pertence ao tempo.

Este é o ponto de partida para que Nilton Bonder aborde questões como:

* Por que o ocultamento e a invisibilidade do Criador?
* O que é estar fora do tempo?
* É possível algo existir sem estar no tempo?
* De onde viemos e para onde vamos ao sairmos do tempo?
* O que é o quarto tempo além do passado, presente e futuro?
* Que tempo é esse que é um lugar e que não tem direção?
* Por que a morte não é o Nada, mas 1/60 do Nada?

Estas e outras questões compõem uma rara e preciosa reflexão de ampla repercussão, uma ponte entre grãos de areia e a poeira de estrelas, construída com minuciosa maestria.

 
 

"Judaísmo para o Século XXI"
Ed. Zahar

Da amizade e dos diálogos informais entre um rabino e um sociólogo surgem instigantes argumentos sobre questões existenciais e de identidade através de suas raízes judaicas. Falar do futuro sob ambos os pontos de vista, religioso e laico, é uma forma de comentar sobre este novo século de incertezas e transformações, e apostar que religião e democracia podem e devem convergir. O que será o judaísmo do século XXI? Mais do que uma pergunta específica, esta é uma síntese de todas as perguntas marcadas pelo sentimento de que se aproxima o fim de um mundo como nós o conhecemos.

 
 

"Fronteiras da Inteligência"
Ed. Campus

Descrição

A espiritualidade é a área da "inteligência" humana capaz de lidar com paradoxos e contradições. Não seria uma forma de inteligência se não houvesse uma maneira de transitar por entre esta área da mente com alguma referência. Estas referências são os sensos e as reverências que são desenvolvidas pela vida afora. Atualmente as empresas que estão em busca de sucesso material descobriram que sem a espiritualidade sua eficiência decresce e, em um mundo de competição, ninguém pode se dar ao luxo de passar ao largo de uma determinada forma de inteligência. Este texto, que contém várias histórias, visa exemplificar o que é essa forma de inteligência chamada de espiritualidade e mostrar algumas das regras de sua "lógica".

Conteúdo

Este livro apresenta seus exemplos de inteligência espiritual sob a forma de parábolas e histórias. Esta forma de organizar expressões e teorias convoca o inconsciente para demonstrar como funciona a espiritualidade. O livro é estruturado através da apresentação dos sensos e reverências. São elas: contra-senso, senso de si, senso de propósito, de confiança, de passagem, de limite, de direção, de discernimento, de saída, de conciliação, de bondade, de autovalor, de ilusão, de servir, de oferenda, de revelação, de tolerância, de conexão, de medida, de prioridade, de recurso, de missão, de doença, de bênção e de salvação.

 
 

"Curativos para a Alma"
Ed. Rocco

Às vezes, o que parece minúsculo é gigantesco. E o que parece durar um segundo, dura a eternidade. Seria o caso da frase "um pouco vale tanto quanto muito, quando bastante", de Steve Brown. E lembra aquela história de que "o dinheiro não traz felicidade", que provoca risos em alguns ("É, mas como ajuda!") e caras sérias em outros

Pensando nesses "poucos" que são "muitíssimos", Nilton Bonder organizou Curativos para a alma. É um livro repleto de pequeninas frases, que são imensas. Não frases para ler, achar bonitas e seguir adiante. São máximas para refletir de diversos ângulos, para captá-las e buscar a compreensão e a paz de espírito que podem trazer.

Na Introdução, Bonder diz que seu trabalho "deve ser lido quando estamos num momento de dificuldade, dúvida ou incerteza". Pura modéstia, pois Curativos para a alma deve ser lido sempre, sempre que for possível, seja qual for a situação. Pois cada uma das suas frases obriga o leitor a meditar sobre a vida e suas dificuldades, exercício espiritual necessário neste mundo globalizado, em que as preocupações do trabalho e as angústias do desemprego deixam pouco lugar para a paz e o pensamento.

"Daqueles que nada dizem, poucos estão em silêncio." Esta frase de T. Neil, citada por Bonder, está na introdução do seu livro e deve ter sido um dos motivos que o levaram ao intenso prazer de organizar seus Curativos para a alma. Sua idéia central é de que frases curtas mas inteligentes e bem colocadas podem valer muito mais que um livro inteiro. E que um simples "sim" ou um simples "não" pode dizer infinitamente mais que um longo discurso. Por isto, Curativos para a alma não deve ser apenas um livro de cabeceira. É um livro para todas as horas, que ensina a meditar e nas palavras de Nilton Bonder, pode "oferecer um certo alívio e uma visão mais centrada (...) Tenha-o sempre à mão, pois pode ser um band-aid num ferimento do ego, um isordil para a alma diante de uma notícia difícil ou uma simples aspirina no final de um dia de rotina".

 
 

"Exercícios da Alma"
Ed. Rocco

Veja o Calendário atualizado para 2006/2009

O rabino Nilton Bonder lança Exercícios d’alma, um compêndio de citações e ensinamentos que tem a estrutura da tradição cabalística, mas vai além. O novo livro do autor de A cabala do dinheiro é um convite à meditação diária para todos os credos. Nilton Bonder perpassa emoções humanas e suas complexidades em breves textos, relacionados a cada um dos 365 dias do ano, com o objetivo de suscitar reflexões diárias em todos — judeus, ateus e religiosos em geral — que buscam algum saber espiritual teórico e prático.

A intenção do autor está explícita no título da obra. "A alma é uma dimensão da nossa existência que não pode enferrujar; seu ‘sedentarismo’ se traduz em acomodação e conformismo, daí a imagem de uma alma que se exercita", explica. A idéia de provocar certo movimento no espírito levou Nilton Bonder a basear-se em textos judaicos e avançar em leituras variadas, muito além do judaísmo, para compor pequenos verbetes sobre temas tão diversos quanto liberdade, amor, paciência, tempo, dinheiro, puritanismo.

Exercícios d’alma é composto por ensinamentos específicos para cada dia do ano, mas a série de insights não começa em janeiro e sim em outubro, já que o livro baseia-se na noção de tempo do calendário judaico. A proposta é sugerir ao leitor uma leitura diária, de não mais do que cinco minutos, para induzi-lo a uma meditação sobre o assunto. Um exemplo: o tema liberdade, verbete de um dia, começa com uma citação de Bernard Shaw: "A liberdade significa responsabilidade. Esta é a razão pela qual a maioria das pessoas lhe tem horror." A partir dessa frase, Nilton Bonder discorre sobre o assunto de forma concisa e prática. Ao falar de puritanismo, cita Mencken: "O puritanismo é o medo aterrador de que alguém, em algum lugar, possa ser feliz." Entre tantas citações e idéias, o rabino incita questões e convida o leitor a participar do que define como "exercícios lúdicos capazes de nos despertar e transformar diariamente".

 
 

"A Alma Imoral"
Ed. Rocco

A alma imoral mostra que, num mundo de interdisciplinaridade, religião e biologia, tradição e sobrevivência, continuidade e mutação não são áreas desconexas. Mais do que tudo, num mundo que redescobre o corpo, faz-se necessária uma nova linguagem para descrever a natureza humana. Os milenares conceitos de corpo e alma, propõe Bonder, são o primeiro registro de uma proposta biológica – de estudo da vida e de suas leis.

Num texto que provoca a comparação entre preservação e evolução com tradição e traição, A alma imoral aponta para um paraíso onde os únicos mandamentos eram "multiplicar-se" e lidar com a questão da "transgressão". A consciência humana é formada desta descoberta fantástica de que nossa tarefa não é apenas a procriação, mas, nas condições certas e na medida certa, transcender a nós mesmos. Esta traição para nós mesmos, que é vital para a continuidade da espécie, gera o conceito de alma.

Para Bonder, a alma é o elemento do próprio corpo que está comprometida com alternativas fora deste corpo. E, enquanto o corpo forja a moral para garantir sua preservação através da procriação, a alma engendra transgressões. Esta alma que questiona a moral, assumindo-se muitas vezes imoral, é apresentada através de incontáveis transgressões em textos e conceitos antigos.

Um livro de profundo impacto na reflexão sobre o certo e o errado, a obediência e a desobediência, as fidelidades e as traições. Um convite a conhecer as profundas conexões entre o traidor e o traído, entre a marginalidade e a santidade, entre a alma e o corpo.

 
 

"Portais Secretos - Acessos Arcaicos à Internet"
Ed. Rocco

Quem poderia imaginar que a concepção do Microsoft Windows estaria conectada com os princípios dos profetas do Antigo Testamento? Nilton Bonder. Este rabino moderno, gaúcho jovem e erudito, conseguiu associar a estrutura da cibernética aos fundamentos da filosofia arcaica do judaísmo. Ele descobriu, por exemplo, que a primeira definição de rede – a Net original – está na Ética dos Ancestrais, livro que é parte da Mishná, do século 2 a.C.: "A rede está aberta sobre tudo o que é vivo."

Já naquele tempo, portanto, os judeus enxergavam longe, a milênios de distância, através de "janelas", ou seja, "windows". "As janelas, ao contrário das portas, não nos levam a outro lugar, mas nos deixam ver", explica Bonder, rabino da Congregação Judaica do Brasil, na Barra da Tijuca, no Rio. Ele usou então as janelas do Windows 95 como uma metáfora na qual se debruça para ver a filosofia dos profetas bíblicos, os quais não trabalhavam na dimensão do tempo ou do espaço, mas com a idéia da realidade virtual. Permitiam-se o "acesso" – um conceito que, aliás, está em Gênesis, enquanto que o Talmud seria a primeira página interativa da humanidade.

Internet x espiritualidade – essa insólita articulação foi possível com a formação erudita de quem estudou Filosofia, Antropologia, História, Psicologia, Línguas Clássicas, Hebraico e Aramaico no Jewish Theological Seminary, filiado à Universidade de Columbia, em Nova York. Lá, Bonder ordenou-se rabino, no final dos anos 80. A técnica de aliar os preceitos bíblicos às questões populares o transformou em best-seller de quase dez títulos, que totalizam mais de 500 mil exemplares vendidos no Brasil, uma marca invejável.

 
 

"O Segredo Judaico de Resolução de Problemas"
Ed. Imago

Os judeus, em seu longo e atribulado percurso, experimentaram inúmeras situações de ameaça à sobrevivência, tanto do ponto de vista individual como coletivo. Tais vivências deram origem a uma refinada perspicácia, uma espécie de feeling particular que os próprios judeus passaram a chamar de "Ídiche Kop" - "cabeça de judeu". Sua característica mais marcante é a ousadia radical com que questiona o impossível e o inexorável e defende a permanência no jogo, precisamente quando tudo já parece perdido.

 
 

"O Crime Descompensa"
Ed. Imago

Este é um livro de cabeceira. Deve ser lido e relido aos poucos, sem pressa e sem outras preocupações. Um livro para o começo ou para o fim do dia, a ser assimilado naquela faixa liminar da consciência que fica entre o sonho e as intenções explícitas. A faixa própria à meditação.

 
 

"A Cabala da Inveja"
Ed. Imago

Quando tive a grata oportunidade de participar, com Nilton Bonder, de uma sessão de leitura bilíngüe de trechos do Eclesiastes (Qohélet), por ocasião do lançamento no Rio de Janeiro de minha "transcriação" desse extraordinário "poema Sapiencial", surpreendeu-me a disponibilidade do jovem rabino de compartilhar comigo um momento de celebração laica, já que, no que a mim dizia respeito, o objeto por excelência a celebrar-se, naquele momento, era a força poética da palavra bíblica - do davar hebraico, vocábulo e coisa ao mesmo tempo, e que, nesse sentido, supera as circunscrições do logos grego. É que ao rabino Bonder, afigura-se-me, importa fundamentalmente a "autoridade", a instância do outro, a relação dialógica, e, nesse nível, ele parece ter a nostalgia, a "saudade" (Sehnsucht) buberiana do TU, instaurador dessa relação onde o EU encontra seu devir (Ich wurde am Du/ No Tu eu me torno Eu). Assim, a "autoridade" (a otredad de Octavio Paz, dimensão tão essencial à poesia como à experiência de nossa humanidade em seu sentido mais profundo) é o grande tema que subjaz a esta cabala da inveja, terceiro volume da série que já nos deu A cabala da comida e A cabala do dinheiro.

 
 

"A Cabala do Dinheiro"
Ed. Imago

Segundo o volume de uma trilogia baseada num dito (e jogo de palavras) da tradição rabínica, que afirma: "Uma pessoa se faz conhecida através de seu copo, bolso e ódio" (Kossó, Kissó ve-Kaassó). O primeiro volume, A dieta do rabino - A cabala da comida, dizia respeito ao "copo" e a quão revelador é nosso comportamento em relação aos alimentos que ingerimos. Este segundo volume aborda o "bolso" (Kissó) e suas intrincadas formas de expressar quem somos. Através das questões do bolso, A cabala do dinheiro apresenta uma visão ecológica que não se baseia na Natureza, mas no Mercado. Expõe, assim, a conflitante luta humana pela preservação da Natureza, quando todo esforço cultural e civilizatório se faz contra a Natureza e a favor do Mercado. Nilton Bonder sintetiza a visão que tinham os rabinos, segundo qual a Natureza é bem mais violenta e cruel que o Mercado. Visão esta que entende na cooperação e na solidariedade elementos de transcendência e espiritualidade, que tornam o Mercado e as trocas efetuadas no dia-a-dia um cenário para a expressão religiosa e mística.

 
 

"A Dieta do Rabino"
Ed. Imago

Enquanto percorria o extraordinário texto de Nilton Bonder procurava, como é hábito entre os escritores, uma palavra que sintetizasse a emoção desta leitura. Finalmente, encontrei-a: encanto. Sim o texto me encanta, não se trata de um encanto simples, mas múltiplo, complexo. Como judeu, sinto-me encantado ao ver um rabino, jovem ainda, desvendar numa linguagem simples e ai mesmo tempo poética, a milenar sabedoria do judaísmo, tomando como ponto de partida algo tão prosaico quanto é o alimento. Como escrito, encanta-me ver as metáforas que o tema propicia, a arte da metáfora tendo sido, como se sabe, levada à perfeição pelos mestres hassídicos. Como médico, encanta-me o inusitado da abordagem num assunto que quase sempre é árido. E, finalmente, como leitor comum, é com encanto - com o prazer do texto - que saboreio estas reflexões.