ELUL


 

 
 

A chegada do mês de Elul representa a capacidade do ser humano de ter maestria sobre o tempo. Essa maestria não é um controle, ao qual o tempo não se presta. Rebeldia essa que nossa civilização não aprende e em suas tentativas de restringi-lo e subjugá-lo seja nas agendas ou nos em nossos truques eletrônicos para apressar as coisas.

A maestria de Elul é a mesma maestria do shabat. O tempo se presta a ser diferenciado se atribuímos a ele um valor distinto.

Tanto é assim que há um tempo demorado e um tempo ligeiro. Tudo isso atribuído ao sentido que lhe damos. Um evento tedioso e o tempo será lento, interminável. Um evento instigante e intrigante e o tempo voará em disparada. Um tempo profundo e ele congelará e um tempo superficial e ele se esvairá desperdiçado.

Elul é o preparativo para o shabat do ano, para um tempo paradoxal que é misto do instigante que o apressa e do profundo que o paralisa.

Nesse tempo que entra em colapso e que se torna mais reverberante do que um fluxo e nos descobrimos diante de nós mesmos.

Não é o encontro conosco como acontece diante do espelho. Ali em meio a tarefas rotineiras de escovar os dentes, ou pentear os cabelos ou revisar nossa aparência, estamos presentes em estampa e em silhueta.

No encontro que Elul ensaia para as Festas descobrimos que estar diante de si implica estar diante de Deus.

E esse é o aspecto maior impacto desse tempo diferenciado.

Vamos nos defrontar com as faces de familiares e amigos. Vamos nos defrontar com a ausência daqueles que povoam nossa lembrança e saudades. E nestes rostos e fantasmas veremos refletidos a nós e junto nós, Deus.

Regozija ó Israel pois é chegado o momento, é Moed.

A vida diante de ti, teu reflexo diante de ti e o semblante do Criador se apresenta a ti num tempo diferente. Um tempo que propicia encontro.

Que sejamos inscritos no Livro da Vida com saúde, qualidade, prosperidade e sem guerras, mas próximos da Paz, que venha ainda nesse 5767.

Le Shana Tova nikatev ve-nichatem!

Rabino Nilton Bonder